Arará Sinergia - as plantas e a arte

Uma intensidade sinergética que inibe o dicionário. Como se transforma uma praça em equipamento cultural a céu aberto?

Construindo amizades.

Realizar o TerritóRIO é costurar etnografia e criações artísticas, mas a segunda edição, Quintal do Arará, também fez política pública e contribuiu para o começo da retomada local de alguns direitos garantidos pela Constituição.

Dessa vez, a inspiração é o Parque Arará, localizado em Benfica. Com a curadoria de Alessandra Castañeda e Luis Cassiano, o processo imersivo e metamórfico na zona norte do Rio é inspiração para o conto literário inédito de Fausto Fawcett, Benfica Jardim das Delícias, Benfica Arará Delícia. A partir da transposição literária, a praça Zélia Duarte Borges, mais conhecida como Praça Nacional, se transformou em um equipamento cultural a céu aberto para a cidade, o Quintal. A idealizadora Alessandra Castañeda, junto com o Teto Verde Favela e Sítio Sara´kura, criam uma instalação artístico-botânica para convivência e atividades culturais, com frutíferas e plantas fitoterápicas, caminho interativo e teto verde. A intervenção conta com o Arará, uma escultura orgânica em formato de pássaro, desenvolvida pelo BioAnimus – Esculturas Orgânicas, feita a partir de troncos, sementes, folhas do bioma brasileiro. Os muros do Quintal receberão painéis de grafite do artista +Alto da BF e o chão, uma amarelinha em formato de flor, tornando o espaço mais interativo. O bloco Unidos de Benfica gravou o novo samba-enredo Benfica viração teto verde alto astral, com feat de Fausto; e ficou por conta do coletivo Baixada Cine criar o clipe da música, o curta-metragem e o time-lapse da transformação da praça. Fausto também se reúne com alunos para ministrar uma oficina literária no Quintal.

A proposta de programação baseada em formação pedagógica e cultural no Quintal, conta com a parceria dos moradores e instituições locais; da Escola Municipal Cardeal Leme, que desenvolverá atividades extracurriculares; do Museu da Vida (Fiocruz), que realizará exposições itinerantes; e da colaboração da Jurubeba Produções, para que as ações fomentem o espaço interativo com organicidade.

Afinal, a praça é ocupação coletiva em construção simbólica.

O Arará e as plantas são também protagonistas da programação do Centro M. de Arte Hélio Oiticica, com a exposição multimídia tão integrada ao legado do artista: “forte experimentalismo e inventividade na busca constante por fundir arte e vida”.